Em série, ela conta que foi abusada ao procurar o médium para ajudar o marido que estava em coma
Quem assistiu à série documental Em Nome de Deus, do Globoplay, notou um rosto conhecido entre as mulheres que denunciaram o médium João de Deus.
Trata-se de Deborah Kalume, atriz que na TV Globo fez novelas como A Vida da Gente e Deus Salve o Rei. Ela procurou a ajuda do médium para o então marido, o cineasta Fábio Barreto. Ele ficou em coma após um acidente de carro.
Nas redes sociais, Deborah publicou um longo desabafo em que conta porque decidiu tornar público o drama que viveu.
“Demorei muito tempo da minha vida para falar sobre esse assunto. Tardei, mas não calei. Não foi fácil, nem está sendo agora ouvir e rever tudo isso novamente, mas sei que foi extremamente necessário para que monstros como esse jamais, jamais usem de escudo o silêncio das mulheres!”, disparou ela que hoje está com 42 anos.
Demorei muito tempo da minha vida para falar sobre esse assunto. Tardei, mas não calei. Não foi fácil, nem está sendo agora ouvir e rever tudo isso novamente, mas sei que foi extremamente necessário para que monstros como esse jamais, jamais usem de escudo o silêncio das mulheres!
Agradeço, do fundo do meu coração, à Camila Appel e toda equipe do programa, além das mulheres tão corajosas e incríveis que a vida me presenteou, nessa roda e fora dela. Não posso deixar de falar da Sabrina Bitencourt que ficava horas comigo e me levou ao caminho da denúncia.
Todo o amor que eu não encontrei naquela Casa Dom Inácio de Loyola - com um líder abjeto e seus funcionários cúmplices - eu encontrei nesse programa! Todos estavam tão envolvidos que a emoção saltava num olhar, aperto de mão, abraço. E por isso conseguimos falar, apesar de todo constrangimento e medo. Obrigada por tudo o que fizeram.
Ter uma família e uma rede de amigas e amigos que acreditam em você - privilégio que nem todas as mulheres abusadas têm, infelizmente - faz com que você não se sinta mais sozinha. E isso me encorajou a denunciar, me fez não mais querer calar. E me libertou também.
O auto conhecimento gera força. ABRIR os olhos do meu eu interior é o que busco diariamente na minha prática de meditação Budista.
Oro para que pessoas tenham a boa sorte que tive de ter apoio! Que superem o luto com a luta. Pois o silêncio vem do descrédito histórico, sistemático que as mulheres enfrentam, muitas vezes dentro de casa!