Brasil supera no mesmo dia 3 milhões de contágios e 100.000 mortes por covid-19, com 905 mortes confirmadas pelo Governo nas últimas 24 horas. STF decreta luto por três dias. País tem protestos
O Brasil atingiu 100.477 mortes pela covid-19, segundo dados do Ministério da Saúde divulgados na noite deste sábado, e ultrapassou 3.000.000 de infecções pelo novo coronavírus. O país continua a ser o segundo em óbitos pela covid-19 e em infectados pelo coronavírus no mundo, considerando dados absolutos. Está atrás somente dos Estados Unidos. Mas em uma análise proporcional dos contágios conforme o tamanho da população dos países, o Brasil mantém a posição de segundo país com mais contágios, segundo o monitoramento da Universidade Johns Hopkins.
No dia em que o Brasil ultrapassou 3 milhões de pessoas infectadas e a trágica marca de mais de 100.000 vidas interrompidas pela covid-19, o presidente Jair Bolsonaro comemorou a conquista do Campeonato Paulista pelo Palmeiras, que venceu o Corinthians nos pênaltis, na tarde deste sábado. Em suas redes sociais, Bolsonaro publicou uma foto com a camisa do time. Sobre as vítimas do novo coronavírus, o presidente limitou-se a retuitar uma publicação da Secretaria de Comunicação que exaltava as "3 milhões de vidas salvas" e que dizia: "Lamentamos as mortes por Covid, assim como por outras doenças".
O presidente do Conselho Nacional de Secretários de Saúde (Conass), Carlos Lula, publicou um artigo no site da entidade em que lamenta as 100.000 vidas perdidas para a covid-19 no Brasil. "Em 100.000 vidas cabem tantas histórias e a maior parte delas conta sobre como lutaram para continuar a viver, para vencer a covid-19 e as agruras do desastre cotidiano", escreveu.
"Não há como normalizar a morte de 100.000 brasileiros em seis meses para uma única doença. Não há como normalizar termos 1.000 vidas perdidas todos os dias. Não há como normalizar a completa indiferença daqueles que deveriam dar o exemplo de humildade e empatia. Simplesmente não dá. São 100.000 vidas. E um número incontável de lágrimas daqueles que perderam os seus", concluiu.
É oficial: o Brasil superou neste sábado três milhões de contágios e 100.000 mortes por covid-19, segundo o boletim divulgado pelo Ministério da Saúde. Em números concretos, as autoridadades confirmaram 3.012.412 contágios e 100.477 óbitos desde o início da pandemia. Somente nas últimas 24 horas foram registradas 905 novas mortes e 49.970 novas infecções.
O Ministério da Saúde ainda considera que 2.094.293 pessoas estão curadas, enquanto que 817.642 seguem em acompanhamento. Outras 3.450 mortes estão em investigação.
O ex-ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta (DEM-MS), afirmou neste sábado em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo que o presidente Jair Bolsonaro teve sua cota de responsabilidade para que ao menos 100.000 pessoas morressem de covid-19. “Houve uma série de fatores, mas o fator presidente foi preponderante. Ele deu argumento para as pessoas não ficarem em casa. Ele deu esse exemplo e serviu de passaporte para as pessoas aderirem politicamente a essa ideia”, afirmou ao jornal.
Para ele, a gestão Bolsonaro “abriu mão da ciência” e das ações para controle, ficando “em um debate menor” sobre a cloroquina. “Foi uma somatória de fatores, mas principalmente liderados pela posição do governo, que trocou dois ministros e botou um terceiro que fez uma ocupação militar sem técnicos na Saúde.”
Demitido do cargo no dia 16 de abril, Mandetta também argumentou que a adesão ao isolamento foi menor por causa do alto número de pessoas na economia informal e da pressão causada pelas eleições municipais. “[Prefeitos] veem a popularidade diminuir, e como tem um contraponto político feito pelo presidente, ficam pressionados.”
O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), usou seu perfil no Twitter para se pronunciar sobre as mais de 100.000 mortes por covid-19. Ele expressou, em nome da instituição que preside, "solidariedade aos familiares e amigos das vítimas desta grande tragédia". Também afirmou que "não podemos ficar anestesiados e tratar com naturalidade esses números", já que "cada vida é única e importa".
"Nenhuma notícia no mundo é mais importante hoje"
O luto de mais de 100.000 brasileiros que partiram em 2020 pela covid-19 está em primeiro plano neste momento. Nenhuma notícia no mundo é mais importante hoje do que os que partiram pela pandemia. Leia o artigo da diretora do EL PAÍS no Brasil, Carla Jiménez, sobre as 100.000 mortes pela covid-19.
Na imagem, a capa da edição brasileira do EL PAÍS neste sábado, ao ser confirmada a marca de mais de 100.000 mortes na pandemia.
STF declara luto de três dias pelas mais de 100.000 mortes pela covid-19 no Brasil
O presidente do Supremo Tribunal Federal, Antonio Dias Toffoli, decretou luto oficial de três dias pelas mais de 100.000 mortes provocadas pelo coronavírus no Brasil. A bandeira brasileira ficará em meio mastro entre este sábado e a terça-feira, quando não haverá atividades na Corte.
A Universidade Johns Hopkins classificou a Espanha como o país da Europa Ocidental com mais casos de covid-19 proporcionalmente à população. O país, com quase 47 milhões de habitantes, conta um total de 314.362 infectados. Em seguida, está o Reino Unido, com 310.667 casos em sua população de 66,5 milhões de pessoas. A Itália, com 249.204 casos, e a França, com 231.310, seriam os próximos países vizinhos da lista, liderada mundialmente por Estados Unidos, Brasil, Índia, Rússia e África do Sul.
Embora a Espanha tenha ultrapassado por pouco o Reino Unido em casos na contagem da universidade americana, este não é o caso em termos de número de mortes. Nessa classificação, o país britânico é o que mais registrou mortes na Europa (46.498), seguido pela Itália (35.187), França (30.308) e Espanha, país ao qual atribui 28.500 mortes. Todas as nações mencionadas antes da Espanha têm mais de 60 milhões de habitantes.