(O jeito Corumbá de ser feliz) (Edson Moraes - 21.09.20)
Os olhos de qualquer pessoa ficam mais minúsculos do que são quando diante de tua deslumbrante e povoada imensidão! O corpo e a alma de quem chega, sentem-se, já de longe, abraçados pelo bemvindo no gesto sempre acolhedor de quem recebe. A tua linguagem singular, expressões de um povo inventivo e bem-humorado, retrata a fértil e rica manifestação de um acervo cultural de diversidade ímpar. Só o Criador desenharia este painel magnífico! És uma aquarela natural, pintada com as tintas multicores de tua vocação para a convivência plural e harmônica entre o Homem e a Natureza! És um quadro panorâmico da Terra, emoldurado por lonjuras e profundidades de morros e rios que respiram nos mananciais de Xaraés, ora sussurrando na brisa fria que vem dos Andes, ora nos brilhos de auroras e poentes tropicais. Quisera ver-te apenas e tão-só assim: despudoradamente nua, imaculada e inteira na tela natural de teus nascimentos e ocasos. Permaneces bela, única, e viva. Mas aos meus olhos não escapa a agonia das almas sitiadas pela fumaça de um horizonte em labaredas. Há no curso das bacias pantaneiras lágrimas que as águas dos rios não desejam. Há fuligem nos olhos da dor guató, da angústia ribeirinha e da tristeza dos campeiros. Há revolta e indignação no desamparo de vidas que rastejam, nadam, voam e ruminam a impotência de não serem um Deus da chuva ou da consciência! E ainda assim, debalde tanto embaçamento, a vida insiste em desfilar por esta vitrine de excelência natural. Subir e descer o rio Paraguai, escalar o Morro São Felipe, saltitar escadarias e deslizar ladeiras porto abaixo, libertar alegria e fé no Jardim da Independência e na Praça da Matriz, cirandear com a turma do Agripino, remar na canoa do Severo... ...tabelar com Matateu, Edson e Lara, trocar gibi no Santa Cruz, reabrir com o Clio aquela antiga janela para a cidade, contar com Venância e Aristolino os paralelepípedos do carnaval na estrada das palmeiras, enfim, virar estrela teimosa que criou raiz na terra fingindo ser o céu de Pedro de Medeiros. És Corumbá! Não há fogaréu que te consuma! Não há sonho que se acabe em ti! Nem haverá borrão que turve a tua história! És Corumbá, o meu, o seu, o nosso presente a reclamar nosso cuidado, nossa atenção e nossa poesia! És o que somos, Cidade Branca: um jeito corumbaense de ser feliz!
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