O
enfermeiro Rodrigo Jara, de 29 anos, decidiu relatar em uma de suas redes
sociais a dura rotina que tem vivido desde o início da pandemia. Atuando como
linha de frente da Covid-19, o profissional afirma que tem chorado "mais
do achou que choraria".
"Eu nem sei como começar a falar
com vocês que estão lendo essa mensagem. Acho que vou começar falando como eu
me sinto. Eu estou cansado. Longe de mim fazer texto para conseguir média com
vocês, mas tenho chorado mais do que eu achei que iria chorar".
Ao descrever seu dia a dia, Rodrigo conta que acorda às 4h da manhã e,
por muitas vezes, tira um plantão de 48 horas. Devido a correria, ele afirmou
não conseguir comer, beber água e nem ir ao banheiro direito, muito menos ver
sua família e os amigos.
"Todos os dias é uma luta. Eu saio do serviço e choro. Eu não
preciso de aplausos... preciso que você acredite que passo 30 dias do mês
trabalhando e 15 noites deste mesmo mês em claro para cuidar de outras
famílias, enquanto deixo a minha em casa", relata.
Implorando para que todos entendam a gravidade dessa pandemia, o
enfermeiro segue em seu texto dizendo que vê diariamente vidas sendo perdidas.
"Eu preciso que vocês acreditem que uma pessoa chega ao hospital andando e
falando e, em 24h, evolui para intubação e não resiste. Eu sei que eu ter
escolhido essa profissão não é problema seu, mas o mínimo que podemos ter é
empatia".
No decorrer do texto, Rodrigo faz um apelo para todos aqueles que acham
que as mortes declaradas pelo novo coronavírus é "politicagem".
"Sinto te dizer que não é, vivo
isso todos os dias. Eu tenho chorado mais do que eu achei que iria chorar.
Espero do fundo do meu coração que quando eu chegar um dia para trabalhar eu
não tenha que cuidar de você".
Por fim, o enfermeiro ressalta que se sente incapaz quando vê amigos e familiares "saindo para se divertir enquanto tem gente morrendo". "...não temos leito. E ninguém está recuperando".
G1