O mestre
sul-mato-grossense Amadeu Dias de Moura Junior passa a integrar o Comitê
Executivo da Confederação Pan-Americana de Judô (CPJ). Técnico desportivo da
Fundação de Desporto e Lazer de Mato Grosso do Sul (Fundesporte), o sensei corumbaense,
de 58 anos, foi convidado pelo novo presidente da entidade, o peruano Carlos
Zegarra, para assumir o cargo de diretor de esportes no quadriênio 2021-2025.
A Assembleia Geral Eletiva foi realizada na semana
passada, remotamente por videochamada, com a participação de 31 federações das
34 que compõem a CPJ, entre elas a Confederação Brasileira de Judô (CBJ). O
novo mandatário foi eleito por unanimidade pelos países pan-americanos.
Amadeu é o único brasileiro na Confederação. Junto a ele, fazem parte do Comitê Executivo: Mike Tamura (secretário geral – Canadá); José Porfirio (tesoureiro geral - Porto Rico); Ovidio Garnero (diretor de arbitragem – Argentina); Katiuska Santaella (diretora de educação – Venezuela); Rafael Manso (diretor de desenvolvimento – Cuba) e Jose Rodriguez (diretor administrativo – Estados Unidos).
Assembleia da CPJ foi realizada virtualmente. (Foto: Reprodução/CPJ)
“Foi uma surpresa o convite. O presidente Carlos
Zegarra, o qual conheço de longa data, inclusive sendo adversários, já havia
dado meu nome à Federação Internacional de Judô (FIJ) e a recomendação foi
aprovada prontamente”, revela o mestre de Mato Grosso do Sul, graduado na
faixa-coral (vermelha e branca) 7º DAN.
O técnico nascido em Corumbá atribui a escolha para o
cargo à vasta experiência, nacional e internacional, adquirida nos últimos 10
anos, principalmente ao percorrer diversos países da América Latina. De 2002 a
2009, Amadeu trabalhou em El Salvador e México. Em solo mexicano, esteve junto
à equipe olímpica e orientou a melhor atleta do país, Vanessa Zambotti. Depois,
retornou ao Brasil, sendo convidado para fazer parte da diretoria da CBJ, onde
permaneceu até 2020. “A CBJ vendo meu trabalho, me chamou de volta. Acredito
que deixei uma escola muito boa de formação e desenvolvimento do judô no México
e em El Salvador”, destaca o sensei.
Na
entidade tupiniquim, o profissional foi nomeado supervisor técnico e de alto
rendimento, atuando na parte burocrática, na implantação de projetos de
formação e cursos em parceria com o Comitê Olímpico do Brasil (COB), clínicas
técnicas e de arbitragem, além de trabalhar com o selecionado verde e amarelo
na preparação para a Olimpíada de Londres 2012.
Um dos destaques na CBJ foi a orientação técnica à
equipe feminina, repassando às judocas a experiência adquirida essencialmente
no judô cubano, com o qual teve muita familiaridade durante a passagem pela
América Central. “Aqui na Pan-América, sempre perdíamos para Cuba no feminino.
Mas, coincidência ou não, começamos a vencer Cuba depois que voltei ao Brasil.
Conheci muito o país, fui várias vezes, tenho muita amizade com professores
cubanos. Acredito que meu aporte de conhecimento foi essencial”, avalia.
Com a
seleção brasileira, o técnico teve ainda mais aproximação e influência em
outros países americanos. “Trocávamos muito conhecimento e experiência nos
eventos em que a seleção participava, principalmente entre os técnicos da
Pan-América, sem contar a afinidade com a maioria dos atletas”. Segundo ele, o
crescimento técnico dos demais países da América é responsável direto pelo
fortalecimento do judô brasileiro no cenário mundial.
“Quero o judô brasileiro forte a nível mundial e,
para isso, precisamos ter adversários fortes para que cresçamos. Uma
preocupação que eu tinha era que Cuba continuasse no alto nível, além de EUA,
Canadá e outros países emergentes na modalidade tivessem o judô forte, porque
aqui no continente haveria competitividade. Assim, quando saíssemos para
disputar competições a nível mundial, o Brasil estaria acostumado com o alto
nível”, explica Amadeu.
Formação
do judô na escola
O esporte sul-mato-grossense tem, por essência,
formação de base escolar. Com o judô não é diferente. Um dos pilares para
iniciação na modalidade é o Programa MS Desporto Escolar (Prodesc) –
Treinamento Desportivo, desenvolvido pela Fundesporte, em parceria com o Núcleo
de Esporte (Nesp) da Secretaria de Estado de Educação (SED). Hoje, o programa
está em instituições da Rede Estadual de Ensino (REE) de 62 municípios,
atendendo também Unidades Educacionais de Internação (Uneis), comunidades
indígenas e quilombolas. As aulas de treinamento desportivo são oferecidas no
contraturno das aulas aos alunos-atletas.
Atualmente, o mestre Amadeu é um dos responsáveis pela coordenação do judô no Prodesc. Para ele, o programa é um exemplo no país, devido à sua imersão e intensidade na iniciação e formação esportiva. “A escola é a base de tudo e o Prodesc é um sonho que estamos realizando, porque vamos colher frutos lá na frente. Por ele, formamos cidadãos, detectamos talentos e vamos potencializando isso. Talvez tenhamos um atleta, de judô ou não, numa Olimpíada, daqui a alguns anos, quem sabe”.
Lucas Castro – Fundação de Desporto e
Lazer de Mato Grosso do Sul (Fundesporte)