Morreu na tarde desta quinta-feira, aos 91 anos, no Rio de Janeiro, a cantora e compositora Elza Soares. A informação foi divulgada nas redes sociais da artista. “É com muita tristeza e pesar que informamos o falecimento da cantora e compositora Elza Soares, aos 91 anos, às 15 horas e 45 minutos em sua casa, no Rio de Janeiro, por causas naturais”, diz o início do comunicado.
“Ícone da música brasileira, considerada uma das maiores artistas do mundo, a cantora eleita como a Voz do Milênio teve uma vida apoteótica, intensa, que emocionou o mundo com sua voz, sua força e sua determinação”.
“A amada e eterna Elza descansou, mas estará para sempre na história da música e em nossos corações e dos milhares fãs por todo mundo. Feita a vontade de Elza Soares, ela cantou até o fim”, diz o texto assinado por Pedro Loureiro, Vanessa Soares, familiares e equipe da cantora.
Curiosamente, a morte de Elza Soares se deu no mesmo dia da de Garrincha, com quem ela se casou e conviveu durante 17 anos. O jogador também morreu no dia 20 de janeiro, mas em 1983; quase 40 anos depois.
Em 2018, em entrevista a Pedro Bial, a cantora revelou que ainda amava o atleta. “Eu sonho muito com o Mané. O maior amor da minha vida foi ele”, disse ela.
ORIGEM HUMILDE
Elza Gomes da Conceição nasceu no Rio de Janeiro no dia 23 de junho de 1930. Não foi apenas uma potência como cantora e compositora, mas também uma figura de superação feminina.
De origem humilde, ela e mais nove irmãos tiveram a infância marcada na favela Moça Bonita, atualmente conhecida como Vila Vintém, no bairro de Padre Miguel. Quando pequena, a diversão era brincar na rua, soltar pipa e andar solta em meio à molecada. Quando não, ajuda a mãe nas tarefas de casa levantando latas d’água na cabeça.
O PRIMEIRO CASAMENTO
Não se sabe ao certo, mas entre os seus 12 e 13 anos, Elza foi obrigada pelo pai a abandonar os estudos e se casar Lourdes Antônio Soares, um amigo de seu pai conhecido como Alaordes. O tal homem havia tentado abusar cantora ainda jovem – o pai acreditava que “a honra de sua filha só estaria limpa com o casamento”.
Nesta época, Elza passou a conviver com abusos sexuais praticados pelo “companheiro”. Pouco tempo depois, a cantora daria luz seu primeiro filho. Como se não bastasse tanto sofrimento, a artista passou por outro grande trauma na vida: o segundo filho morreu de fome.
Com o marido doente (acometido pela tuberculose), Elza foi a luta. Arranjou trabalho em uma fábrica de sabão e outro em um manicômio. Neste segundo, a cantora precisou furtar comida para poder levar alimento para casa. Com a melhora do marido, Elza voltou a ser dona de casa.
No início da década de 1950, nascia Dilma, a terceira filha da cantora. Com apenas um ano e meio de idade, a criança foi sequestrada. Segundo informações, foram 30 anos de buscas, tendo o reencontro somente com a filha já adulta, que até então, não sabia do crime.
CASAMENTO COM GARRINCHA
A união com o então craque do Botafogo, e também da Seleção Brasileira, se deu de forma bastante polêmica durante os primeiros anos. Garrincha era casado quando conheceu a cantora. Imprensa e fãs acusaram Elza de ter sido pivô do termino do casamento do jogador que naquela época estava no auge da carreira.
Vivendo na Ilha do Governador, no Rio de Janeiro, o casal passou a sofrer ataques anônimos. Pedras eram arremessadas contra a casa da cantora e do jogador. Nesta época, Elza já era conhecida como cantora, e como forma de desaforo, ou não, gravou a música “Eu Sou a Outra”.
A canção enfureceu “gregos e troianos”. As ameaças ao casal se intensificaram, até que um amigo os convidou para passar uma temporada em Roma, na Itália. Com a morte da mulher anterior de Garrincha, Elza decidiu adotar as seis filhas que o jogador tinha. Em 1976, nascia Manoel Francisco dos Santos Júnior, apelidado de Garrinchinha.
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