Mobilização de cerca de 300 mil reservistas fez com que diversos homens
deixassem o país.
"Tenho medo da mobilização. Sou um dos que
correm o risco de ser convocado", disse.
Entre os
amigos, "alguns foram às manifestações (contra a mobilização), porque não
têm nada a perder. Outros examinam as leis e consultam advogados para saber se
correm o risco de serem chamados", continua o jovem.
De acordo com os últimos dados do Serviço de Imigração da Armênia, em junho
quase 40.000 russos chegaram ao país desde o início da invasão da Ucrânia. Na Geórgia, país vizinho, 50.000 chegaram no mesmo
período, segundo dados oficiais.
Na área de desembarque do aeroporto de
Yerevan, na Armênia, Sergei parece abatido e exausto depois de fugir às pressas
da Rússia com seu filho por medo de ser enviado para o front na Ucrânia.
Este homem de 44 anos, que prefere não mencionar seu
sobrenome, é um entre os milhares de russos que deixaram seu país desde a
invasão da Ucrânia, um fenômeno que
parece ter aumentado desde o anúncio desta quarta-feira feito
pelo presidente Vladimir Putin de uma mobilização parcial de reservistas.
As
autoridades disseram que 300 mil reservistas serão convocados, mas muitos
russos temem uma mobilização muito maior.
"A
situação na Rússia me fez
decidir sair. Sim, saímos da Rússia por causa da mobilização", disse
Sergei. Seu filho de 17 anos, Nikolai, concorda: "Decidimos não esperar
sermos convocados para o exército".
Ele insiste na
incerteza que reina e expressa sua tristeza diante dos acontecimentos, um
sentimento compartilhado por outros russos que chegaram no mesmo voo à Armênia,
país do Cáucaso onde podem ficar até 180 dias sem precisar de visto.
"Não é
uma boa coisa ir para a guerra no século 21", diz Alexei, de 39 anos.
Ele não sabe
se poderá retornar à Rússia um dia.
"Tudo vai depender da situação", afirma.
Outro russo
que não quis dar seu nome por razões de segurança afirma que ficou chocado
quando a mobilização foi anunciada.
"Na Rússia, quase
ninguém apoia esta guerra. É tão doloroso, só quero que acabe", afirma.
Desde a ordem
de mobilização de Vladimir Putin, a maioria das pessoas que chegam a Yerevan
são homens em idade de combate. Muitos deles pareciam assustados e relutantes
em compartilhar suas razões para deixar tudo para trás.
Na quarta-feira,
mais de 1.300 pessoas foram presas em toda a Rússia em
protestos contra a mobilização, segundo a ONG especializada OVD-Info.
Medo
Dmitri, de 45 anos, diz que fugiu para a Armênia com uma única mochila,
deixando para trás a esposa e os dois filhos, sem nenhuma ideia do que fará.
"Não quero ir para a guerra. Não quero morrer
nessa guerra sem sentido. É uma guerra fratricida", afirma.
De
acordo com a ferramenta Google Trends, que acompanha as tendências de busca no
Google, a frequência de "deixar a Rússia" aumentou quase 100 vezes após o anúncio da
mobilização na manhã de quarta-feira.
O porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, disse nesta
quinta que os relatos de um êxodo de russos foram "muito exagerados".
No
entanto, voos da Rússia, muito limitados e
caros desde a adoção das sanções ocidentais na sequência da invasão da Ucrânia, se esgotaram para os próximos dias para quase todos
os destinos ainda disponíveis.
E nas redes sociais, muitos temem um iminente
fechamento de fronteiras, que privaria os russos de qualquer saída, inclusive
por via terrestre.
Um
moscovita de 23 anos, gerente de projeto, disse à AFP sob condição de anonimato
que havia reservado um voo com urgência após o anúncio da mobilização, quando
pretendia deixar a Rússia em outubro.
"Tenho medo da mobilização. Sou um dos que
correm o risco de ser convocado", disse.
Entre os
amigos, "alguns foram às manifestações (contra a mobilização), porque não
têm nada a perder. Outros examinam as leis e consultam advogados para saber se
correm o risco de serem chamados", continua o jovem.
De acordo com os últimos dados do Serviço de Imigração da Armênia, em junho
quase 40.000 russos chegaram ao país desde o início da invasão da Ucrânia. Na Geórgia, país vizinho, 50.000 chegaram no mesmo
período, segundo dados oficiais.
g1.globo