As Reservas Privadas de Proteção da Natureza, ou RPPNs, representam as guardiãs de preservação e instrumentos capazes de produzir natureza e preservação nos diferentes biomas brasileiros.
Essas unidades de
conservação são criadas a partir da iniciativa privada, por isso representam em
medidas diretas que a sociedade direciona para garantir proteção à
biodiversidade. No Mato Grosso do Sul, existem 55 RPPNs e a maioria delas, 11
no total, são localizadas em Corumbá, na região da Serra do Amolar.
A importância dessa preservação a partir da iniciativa privada
ganha holofotes para discussão neste dia 31 de janeiro, quando é celebrado o
Dia Nacional das RPPNs.
O IHP (Instituto Homem Pantaneiro) é gestor de cinco RPPNs no
Pantanal (Dorochê, Rumo ao Oeste, Acurizal, Penha e Engenheiro Eliezer
Batista), na região da Serra do Amolar. Esse território compõe um dos maiores
patrimônios de diversidade biológica do Brasil.
O conjunto de RPPNs com gestão
do Instituto formam com o Parque Nacional do Pantanal Matogrossense (PARNA
Pantanal) e outras sete propriedades rurais (Fazendas São Gonçalo, Santa Rosa,
Vale do Paraíso, Morro Alegre, Santa Tereza e Jatobazinho e o Sítio Serra Negra)
um corredor ecológico para guardar a maior variedade possível de espécies
vegetais e animais.
Essa área ainda conecta diferentes iniciativas e organizações
proprietárias de terra para formar a Rede de Proteção e Conservação da Serra do
Amolar. A Rede Amolar tem 302.910 ha, com 201.979 ha de área legalmente
protegida.
O diretor-presidente do IHP, Angelo Rabelo, pontua que as
reservas privadas representam em ações que completam a função do Estado na
proteção ambiental. “Na Serra do Amolar, grande parte das áreas de conservação
são representadas pelas RPPNs e fazendas privadas. Elas ampliam a área
legalmente protegida e cumprem uma função de dar apoio ao Estado no papel de
manter a preservação da nossa biodiversidade e ainda criam um corredor
ecológico para a produção de natureza. Uma preocupação para o presente e o
futuro do Pantanal e do planeta”, destaca.
Essas reservas privadas para conservação da natureza podem ser
criadas nas esferas municipal, estadual e federal. Conforme dados do Imasul
(Instituto de Meio Ambiente de Mato Grosso do Sul) de 2019, há 13 RPPNs
federais e outras 42 RPPNs estaduais. Para ser reconhecida como RPPN, a área
deve apresentar atributo ambiental que justifique sua criação, como a presença
de vegetação nativa que represente os biomas presentes no Estado. Além disso,
recursos hídricos, tais como nascentes e cursos d’água, a mata ciliar, a fauna
e flora e a paisagem são aspectos que contribuem para compor as características
da reserva.
“Além do papel que elas exercem para proteção dos recursos
naturais, as RPPNs são locais para se atuar com atividades de educação
ambiental, ecoturismo, dar apoio para moradores de regiões mais remotas e
promover a ciência por meio do apoio às pesquisas”, acrescenta o
diretor-presidente do IHP.
Coordenador de projetos de RPPNs da Funatura, Laércio Machado de
Sousa pontua que no Pantanal a existência dessas unidades de conservação
garante uma extensão da área de proteção exercida pelo Parque Nacional do
Pantanal Matogrossense (PARNA Pantanal).
“Na Serra do Amolar, onde estão as RPPNs com gestão do IHP, há uma zona tampão
do Parque Nacional, onde se espalham as reservas e é formada uma zona de
proteção do parque e um corredor de biodiversidade, que surge desde o Sesc
Pantanal, passando por Porto Jofre, chegando ao Parque Nacional, passando pelas
RPPNs. Esse mosaico de áreas protegidas é muito importante. A criação dessas
áreas tem muito de ligação com o pensamento: o que nós estamos fazendo, de
fato, nesse mundo? É algo existencial, que a gente pensa no presente e muito no
futuro”, detalha o coordenador da Funatura (Fundação Pró-Natureza), criada em
1986 em Brasília para apoiar projetos de contexto socioambiental.
A maioria das RPPNs no Brasil está concentrada em Minas Gerais.
No país, são cerca de 1800, o que equivale a cerca de 1 milhão de hectares.
Minas Gerais tem 374, Paraná tem 321 (maioria municipal). No Mato Grosso do
Sul, são 55 RPPNs, que dá um total de quase 150 mil hectares. Veja mais em link do
Imasul.
Nos últimos 10 anos, foram criadas mais de 300 RPPNs, conforme a
Funatura, que atua diretamente na estruturação desses projetos. Nos últimos
quatro anos, foram criadas mais de 50 unidades, tanto em âmbito federal, como
estadual. Já as Unidades de Conservação integral, tipo parques, que envolvem
ações diretas do governo, não houve nenhuma unidade instituída.
Sobre o IHP
O Instituto Homem Pantaneiro (IHP) é uma organização da
sociedade civil, sem fins lucrativos. Fundado em 2002 e instituído no dia 30 de
março de 2012 em Corumbá (MS), atua na conservação e preservação do bioma
Pantanal e da cultura local.
Dentre as atividades desenvolvidas pela instituição destacam-se
a gestão de áreas protegidas, o desenvolvimento e apoio a pesquisas científicas
e a promoção de diálogo entre os atores com interesse na área. Os programas que
o Instituto atua são Rede Amolar, Cabeceiras do Pantanal, Amolar Experience,
Felinos Pantaneiros, Memorial do Homem Pantaneiro, Brigada Alto Pantanal e
Estratégias para Conservação da Natureza.
Saiba mais em https://institutohomempantaneiro.org.br/.