Atuar no combate ao fogo foi a maneira de Débora Ávila contribuir para que outras mães não passem pelo que ela passou. Mais de 400 brigadistas estão na linha de frente do combate ao fogo do Pantanal.
Mais de 400 brigadistas estão na
linha de frente do combate ao fogo do Pantanal. Entre
eles, uma das vítimas dos incêndios.
Na mochila pesada, Débora Ávila carrega
equipamentos de trabalho. Já de uniforme, está pronta para mais um dia na linha
de frente. Débora é brigadista do Ibama/Prevfogo. Combate incêndios no Pantanal de Mato Grosso do Sul. A
missão, nesta quinta-feira (4), foi em mata fechada, 40 km ao norte de Corumbá.
"Tem muito
espinho, muito galho cortado. Porque foram abrindo na picada, né?”, diz Débora.
Débora entrou
para a brigada em 2023. A escolha envolveu uma questão pessoal. Ela perdeu o filho de apenas 5 meses em 2020, durante os incêndios que
devastaram o Pantanal. Gabriel David passava parte do tempo com
oxigênio portátil. A mãe acredita que a quantidade de fumaça, que invadiu
Corumbá naquele ano, complicou o quadro de saúde do bebê.
“Ele
já veio com problema no pulmão. Ele tinha de ter ar puro, e a fumaça o sufocou.
A fumaça invadiu a cidade, da queimada. Então, ele veio a óbito por conta da
fumaça”, contou Débora Ávila à TV Globo.
Motivada pela tragédia pessoal, ela optou por
se tornar brigadista, buscando evitar que outras mães enfrentem experiências
semelhantes.
“Se a gente continuar fazendo o nosso papel —
brigadistas, Prevfogo, todos —, se a gente continuar fazendo o que a gente está
aqui para isso, então tem muita família que vai ficar um pouquinho mais com o
seu filho”, afirmou Débora à emisora.
Débora Ávila integra o contingente de mais de
400 brigadistas na linha de frente do combate aos incêndios recordes que
assolam o Pantanal no primeiro semestre de 2024. Apenas em junho, o bioma
registrou 2.632 queimadas, equivalente a uma a cada 15 minutos.
De acordo com o presidente do Ibama, Rodrigo Agostinho, algumas áreas do
Pantanal enfrentam o risco de perdas irreparáveis.
Até o momento, quase 5% de toda a extensão do Pantanal já foi
consumida pelo fogo neste ano.
Por Jornal Nacional