Decisão do ministro suspende o pagamento de R$ 4,2 bilhões em emendas de
comissão. Liberação só poderá ser feita se as indicações seguirem os critérios
de transparência definidos pelo STF.
O ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), determinou nesta segunda-feira (23)
a suspensão do pagamento de pouco mais de R$ 4 bilhões em emendas parlamentares e
determinou que a Polícia Federal (PF) abra um inquérito
para apurar a liberação deste valor.
As emendas parlamentares são uma reserva dentro do
Orçamento usadas conforme indicação de deputados e senadores. É esse o
dinheiro enviado pelos parlamentares às suas bases eleitorais. A execução do
dinheiro é de competência do governo federal.
A decisão de Dino foi uma resposta a um pedido do PSOL, que apontou
irregularidades na destinação de R$ 4,2 bilhões em emendas de comissão.
Esse tipo de emenda, que não tem pagamento obrigatório, é indicada por
colegiados temáticos no Congresso, tanto da Câmara, quanto do Senado. Essa
modalidade foi turbinada após o STF derrubar as emendas de relator.
O PSOL questionou no STF o ofício que autorizou o repasse dos recursos das emendas de
comissão.
O documento que pediu a liberação do dinheiro foi enviado no dia 12 de
dezembro ao Palácio do Planalto pelo presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL)
e assinado por 17 líderes de partidos na Casa.
No mesmo dia, Lira cancelou todas as sessões de comissões que
estavam marcadas até 20 de dezembro, último dia de trabalho na Câmara em 2025.
A decisão do parlamentar citou “a necessidade de o Plenário da Câmara dos
Deputados discutir e votar proposições de relevante interesse nacional”.
Pautas do governo no Congresso
Na última semana, os deputados votaram a regulamentação da reforma tributária e
o pacote de cortes de gastos. Com a decisão
de Lira, os colegiados temáticos da Câmara não puderam deliberar sobre o
destino das emendas de comissão.
Segundo a ação do PSOL, a medida impediu o registro da ata ou
deliberação formal de 5,4 mil indicações de emenda em um total de R$ 4,2
bilhões.
Ao STF, o partido afirmou que parte dessas emendas teve novas indicações
de destinos em favor de Alagoas, estado de Lira, o que o PSOL apontou como
ilegal. O governo federal, por meio da Casa Civil, não viu irregularidades
e autorizou o repasse.
Na decisão, Dino determinou que a Câmara publique em até cinco dias
as atas das reuniões das comissões nas quais as emendas foram
aprovadas.
Esses registros devem ser encaminhados à Secretaria de Relações
Institucionais da Presidência, chefiada pelo ministro Alexandre Padilha,
responsável pela relação do Planalto com o Congresso.
O ministro do STF também decidiu que o pagamento das emendas só
poderá ser feito depois que essas atas chegarem ao Planalto e desde
que sigam os critérios de transparência e rastreablidade definidos pela
Corte em decisão no último dia 4.
O ministro determinou ainda que as emendas de 2025 só poderão ser
autorizadas caso os requisitos sejam cumpridos.
As emendas parlamentares são uma reserva dentro do Orçamento usadas
conforme indicação de deputados e senadores. É esse o dinheiro enviado pelos
parlamentares às suas bases eleitorais.
G1