A Polícia Federal (PF) iniciou, na terça-feira (9), uma operação voltada para a apuração de crimes de perseguição, conhecidos como stalking, e violência política de gênero, afetando diversas mulheres em posições públicas. Entre as vítimas destacam-se a deputada federal Silvye Alves (União-GO) e a senadora Soraya Thronicke (Podemos-MS).
Durante a ação, foi executado um mandado de busca e apreensão em Duque de Caxias, no estado do Rio de Janeiro. A identidade do suspeito não foi divulgada pela PF. Em comunicado, a instituição reiterou seu compromisso com o combate à proteção das mulheres frente a comportamentos abusivos e criminosos.
Embora o investigado não tenha sido preso, ele está sob restrições significativas: está proibido de utilizar a internet, de contatar as vítimas e de deixar a região metropolitana do Rio de Janeiro sem autorização judicial, conforme as medidas cautelares impostas pela Justiça.
Conforme informações obtidas, o homem teria enviado fotos íntimas e mensagens de teor sexual direcionadas tanto à deputada Silvye quanto à senadora Soraya. A assessoria da deputada confirmou que não houve aviso prévio sobre a operação da PF, mas reiterou que Silvye foi vítima de importunação sexual por parte do alvo das investigações. “A informação foi repassada pelo delegado da Polícia Legislativa Federal que trabalhou na identificação do suspeito na ocasião”.
Silvye expressou alívio com o andamento da investigação, mas deixou claro seu desejo pela prisão do acusado. “Esse tipo de abuso e assédio sexual afeta profundamente nosso psicológico, especialmente considerando que se trata de um ambiente profissional sério e restrito ao trabalho legislativo. O que esperamos, não só eu, é que haja uma prisão que sirva de exemplo para todo o Brasil”, comentou.
A senadora Soraya também manifestou sua preocupação com a frequência com que tem sido alvo de crimes dessa natureza durante seu mandato. Em uma declaração oficial, ela revelou que tanto ela quanto seus familiares têm enfrentado ameaças de morte desde o início de sua atuação política. “Isso reflete uma cultura sexista e criminosa contra mulheres em posições públicas”, afirmou em sua nota.
No Brasil, o crime de stalking é caracterizado como uma perseguição reiterada que coloca em risco a integridade da vítima ou invade sua privacidade e liberdade. A advogada criminalista Amanda Scalisse explicou que “a mera curiosidade em redes sociais não configura infração penal; no entanto, para que se caracterize como crime, a prática deve ser persistente”.
Desde 2021, o stalking é considerado crime no Brasil, podendo resultar em penas que variam de 6 meses a 2 anos de reclusão, além de multas aplicáveis. As penas podem ser aumentadas em até 50% caso o crime envolva crianças, idosos ou mulheres ou se houver mais de um agressor envolvido.
Fonte: UOL/FOLHAPRESS